quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Prefiro não acreditar

Instruções para
Subir no banquinho
Apóia-se o pé direto (ou esquerdo,
à preferência)
sobre o mesmo
Vitaliza toda sua força nessa perna e
Num impulso, jogue seu corpo à frente
De maneira a transformar
O banquinho no seu chão.


Eu prefiro não crer que isto seja verdade. Nas minhas perdas, de tantas, prefiro acreditar que justamente esta não seja real, mas fruto da minha imaginação. Ando meio macambúzio, um quarto preocupado, e três me sinto singelo. Como a lua - a mesma que após pousar sobre teto de nosso apartamento decidiu pesar e destruir como uma baga na boca do estômago - E sangue. Só me lembro por enquanto dos passos finais, rumo à porta da frente: ríspida, uma rainha... Com seu rei a esperando do outro lado da rua, e você atravessando lentamente com o coração aliviado. Me viro de costas. Prefiro não presenciar com meus próprios olhos, os mesmos que encararam com tanto amor a puta deitada em minha cama na fatídica noite (pãn pãn pãn pããããn), tamanha extorsão. Ouço o crash... você chora, roga, pede por ajuda. E sangra. Prefiro não crer que isto verdade. A concubina morreu no braço de homem negro, que tem seus anéis agora banhados em sangue. A esta altura já tinha feito o laço da corda pendurada no ventilador, que gira por entre as quentes e abafadas brisas do verão tropical.






Agora chuta a porra do banquinho para longe.

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