terça-feira, 18 de maio de 2010

caso social/racial

Acordo desatento, simplesmente por levantar; a simbiose ou sei lá o quê do sonífero que me deram começa por fim a fazer minha cabeça. estou pelas surdinas detalhadas com latas de lixo embalsamadas pelo sangue jorrado na noite anterior. procuro meus companheiros - só acho um, ensanguentado e esparramado ao solo de concreto sujo e irregular do beco quase todo preto. a escuridão penetra pelas entranhas da sarjeta, num breu clareado por postes de luz que iluminam o resultado do conflito social/racial póstumo da noite anterior (ou pós-tragédia humana). meus amigos, todos mortos ou sumidos, foram vítimas do pré-conceito formulado por (des)humanos irracionais e filhas da puta, e eu agora só quero voltar para minha casa.
Saio do beco preto e vagueio pelas ruas de São Paulo. não sei onde estou (e sonolento, incapaz de pensar aonde moro ou qual caminho devo seguir), apenas vagueio cambaleante por algumas avenidas tomadas pelo caos da prostituição e da barbárie. sinto-me desnorteado, adoidado, alienado, morto.

não aguento mais.
então desabo a dormir,
podendo nunca mais acordar.

Nenhum comentário: