não há jeito diferente de começar a escrever, que não com o desejo infindável de manifestar um sentimento aberto
forma, estilo, razão.. acho que existe uma clara diferença entre aquilo que relativizamos quanto ao amor.
o algo que se materializa quando olho para os lados e não te vejo, aqui, é desolador.
venha pra perto de mim,
vamos encontrar um jeito de pular as barreiras do nosso monótono cotidiano,
e vamos aproveitar as coisas findas!
olhar para os lados e não te ver é como andar de costas na corda bamba do buraco sem fundo da solidão;
é descrer no mundo perfeito que existe quando vejo ou falo - e deixo de falar - com você.
para amores como esse, prefiro crer que a vida é breve demais
e sem dúvidas exasperante demais
afinal, o amor exaspera e entristece e aflige como nenhum outro sentimento que se tem notícia
porque o emocional e o ilógico reinam perenes
e o descaso alheio acaba sempre por trazer à tona aquelas desgraças que a gente já conhece
ao longo dos dias me pus a pensar se tudo valeu à pena,
se o seu estranhamento foi algo que faz jus à sua candura ou se simplesmente foi um consternado adeus intencional
e eu nunca saberei.
por aqui, por enquanto, escrevo e penso incessantemente em você
ainda esperando e esperando
ps, não pretendia escrever nessas breves linhas outra daquelas declarações, apenas dizer - mais uma vez - que você é o que falta
sábado, 28 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
mania
ainda lembro daquela hora
naquele estado
daquele amor
esse amor.
hora vai-vem, volta e continua no revés. a única asserção realmente
firme nesse momento
não é você
não sou eu
não são eles
nem ninguém
mas a minha tendência e o hábito e o costume e a mania e o jeito e a maneira e a praxe e a prática
de demonstrar
que
eu
amo.
queria ao menos,
nos mais singelos momentos,
emprestar meu amor
e descansar
à eterna espera de sua devolução
naquele estado
daquele amor
esse amor.
hora vai-vem, volta e continua no revés. a única asserção realmente
firme nesse momento
não é você
não sou eu
não são eles
nem ninguém
mas a minha tendência e o hábito e o costume e a mania e o jeito e a maneira e a praxe e a prática
de demonstrar
que
eu
amo.
queria ao menos,
nos mais singelos momentos,
emprestar meu amor
e descansar
à eterna espera de sua devolução
quarta-feira, 11 de abril de 2012
conto sem nome, de amor
Estranho perceber que somente agora, nessa minha fase final de vida, ocupo o tempo que me resta escrevendo artigos e textos aleatórios e literários para uma coleção pessoal; uma espécie de coletânea particular de memórias, lembranças e pequenos detalhes. O que me leva a isso eu talvez não seja capaz de explicar e nem nunca serei. O que me resta, ao menos agora, é aproveitar minha solidão e o que ainda me sobra de consciência para recordar antigos casos, amigos, amores e, principalmente, paixões - uma em especial me pesa sobre os ombros até os dias de hoje, a qual só a idéia de relatá-la nessas próximas breves linhas já traz consigo um aperto grande no coração.
Ela, na voluptuosidade de sua juventude em flor, loura esbelta, de ternura tão melindrosa quanto delicada, ousadia inaudita e rosto angelical. Eu, um estudante qualquer, sonhador apaixonado, deslocado, pertencente erroneamente àquele nicho estudantil de festas, drogas e casos reparáveis. Não que eu me considere um misantropo – na verdade, amigos não me faltavam -, mas essa condição de frustração amorosa e afetiva que me preencheu ao longo de toda a minha vida apenas decretava que eu era, e ainda sou, um alguém incapaz de expressar amor à pessoa amada; e se hoje tivesse direito a um desejo, pediria para voltar ao passado, para assim reparar a lacuna que abri quando a deixei ir embora, levando junto a si o completo desconhecimento da minha existência.
Você, filha de Icário, graciosa desde o início dos tempos, cuja efígie sensível e perturbadora acompanha as letras de um nome melodioso, que se repetem e se completam com um quê de sonoridade musical e esteta clássico, me desviava como ninguém jamais conseguira. Eram poucas as oportunidades que tinha de te ver, e mais raros ainda os momentos em que nossos olhares se cruzavam e pelo mais breve instante um mundo desabava sobre meus pés, mas foram nessas curtas circunstâncias que pude sentir, de fato, o que é amar.
Hoje li Faulkner, “as velhas feridas rolam vertiginosamente para a frente, mergulhando na escuridão onde se escondem novos desastres” e me lembrei-me dela. Você. Ela. Hoje ando nas ruas à espreita, na falsa esperança de um dia te reencontrar e te descrever minha tragédia antiga, na época já anunciada, premeditada, inevitável. Quantas foram as tentativas – frustradas – de abordar-te só e de poder começar um diálogo, pescando no fundo do coração palavras que te indiciassem de uma vez por todas que eu estava apaixonado.
Mas era impossível. Sua completa inocência e sublimidade me tragavam para um universo no qual qualquer tipo de expressão se torna inconcebível, e o que me remanescia era o desejo eterno de vê-la entre cada instante e momento.
Transformara-me em um andarilho como o gato, me admirando daquilo que não tinha. Buscava em tua figura uma paz interior e um sentimento de catálise espiritual além da minha própria compreensão, ao mesmo tempo em que você me corroia por dentro e confirmava minha imperícia de manifestar-me. Eu te amava, e hoje, sentado aqui, escrevendo entre inúmeros cafés e cigarros, pensando em meus antigos erros e em você, me sinto na obrigação de dizer que ainda a amo.
Até hoje ela escava a pedra da minha indiferença: para certas penas, o único remédio é o amor.
Ela, na voluptuosidade de sua juventude em flor, loura esbelta, de ternura tão melindrosa quanto delicada, ousadia inaudita e rosto angelical. Eu, um estudante qualquer, sonhador apaixonado, deslocado, pertencente erroneamente àquele nicho estudantil de festas, drogas e casos reparáveis. Não que eu me considere um misantropo – na verdade, amigos não me faltavam -, mas essa condição de frustração amorosa e afetiva que me preencheu ao longo de toda a minha vida apenas decretava que eu era, e ainda sou, um alguém incapaz de expressar amor à pessoa amada; e se hoje tivesse direito a um desejo, pediria para voltar ao passado, para assim reparar a lacuna que abri quando a deixei ir embora, levando junto a si o completo desconhecimento da minha existência.
Você, filha de Icário, graciosa desde o início dos tempos, cuja efígie sensível e perturbadora acompanha as letras de um nome melodioso, que se repetem e se completam com um quê de sonoridade musical e esteta clássico, me desviava como ninguém jamais conseguira. Eram poucas as oportunidades que tinha de te ver, e mais raros ainda os momentos em que nossos olhares se cruzavam e pelo mais breve instante um mundo desabava sobre meus pés, mas foram nessas curtas circunstâncias que pude sentir, de fato, o que é amar.
Hoje li Faulkner, “as velhas feridas rolam vertiginosamente para a frente, mergulhando na escuridão onde se escondem novos desastres” e me lembrei-me dela. Você. Ela. Hoje ando nas ruas à espreita, na falsa esperança de um dia te reencontrar e te descrever minha tragédia antiga, na época já anunciada, premeditada, inevitável. Quantas foram as tentativas – frustradas – de abordar-te só e de poder começar um diálogo, pescando no fundo do coração palavras que te indiciassem de uma vez por todas que eu estava apaixonado.
Mas era impossível. Sua completa inocência e sublimidade me tragavam para um universo no qual qualquer tipo de expressão se torna inconcebível, e o que me remanescia era o desejo eterno de vê-la entre cada instante e momento.
Transformara-me em um andarilho como o gato, me admirando daquilo que não tinha. Buscava em tua figura uma paz interior e um sentimento de catálise espiritual além da minha própria compreensão, ao mesmo tempo em que você me corroia por dentro e confirmava minha imperícia de manifestar-me. Eu te amava, e hoje, sentado aqui, escrevendo entre inúmeros cafés e cigarros, pensando em meus antigos erros e em você, me sinto na obrigação de dizer que ainda a amo.
Até hoje ela escava a pedra da minha indiferença: para certas penas, o único remédio é o amor.
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