Fernando decidiu fazer uma viajem à Espanha. desde sua infância sempre foi um rapaz apaixonado por autógrafos; desde o momento que Abel, seu pai, lhe presenteou, aos cinco anos, com uma figurinha autografada pelo Zico das eras de ouro do Flamengo. o vício tornou-se cada vez mais possessivo e doentio. já não se podia levar fernando à desfiles de moda, já que em poucos minutos seus pais o perdiam de vista e o encontravam assediando uma das modelos em pleno desfile; tal como abordou um ciclista na reta final da maratona internacional. procuraram ajuda médica, mas o problema não era resolvido, visto que, impressionado com as habilidades do psicólogo, o bloquinho saltava em suas mãos e sua boca requisitava uma assinatura. nas vezes que lhe retiravam o bloquinho, Fernando roubava os testes de Rorschach para substituí-lo, e quando lhe confiscavam tudo, era tentado à um autógrafo no braço. a mãe culpou o pai e o divórcio não tardou a comparecer e a guarda conjunta foi ignorada e a figurinha de Zico continuava irretocável na gaveta de Fernando.
na sua viagem à Espanha, conheceu uma matritense e com ela consolidou um relacionamento esquisito; na cama, a espanhola gritava estás me embarazando!, e Fernando por sua vez sentia-se mal.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
cotidiano
e voltou para casa desolado. preso num mundo vazio. no volante suas lágrimas caíam e do lado de fora chovia. as luzes do farol indiciavam os traços de um verde abrangente, amarelo conclamativo e vermelho orgulhoso. eram apenas vultos na escuridão de um cidade fechada. luzes que tragavam a sua felicidade (e apenas a sua, pelo menos naquele momento, e que não veria nos próximos dias que seguirão). chegou em casa. estacionou o carro, chorando. tirou sua roupa. deitou-se ao lado de sua mulher, chorando. a abraçou, fechou seus olhos e dormiu.
sábado, 4 de setembro de 2010
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